Os layoffs de empresas de base tecnológica deixaram o sentimento para algumas pessoas de que a escassez de mão de obra qualificada na área de tecnologia havia deixado de ser um problema. Mas na realidade, ainda que o trabalho de Tech Recruiters nos últimos meses tenha ficado menos impossível, continuamos tendo mais posições abertas do que pessoas com as habilidades procuradas pelos gestores.

Um estudo publicado em março deste ano pelo ManpowerGroup estima que o gap de habilidades brasileiras é de cerca de 80%. Ou seja, a cada dez gestores contratando, oito não encontram profissionais com as habilidades desejadas e como não é surpresa para muitos, além de gaps relacionados a soft skills, quando o estudo mapeou as habilidades técnicas não encontradas, TI e dados estavam no topo da lista com 38%.

As más notícias não param por aí. Trata-se de um problema não só brasileiro, mas que afeta empresas do mundo todo, que a partir de um mercado de trabalho cada vez mais globalizado acessam e contratam cada vez mais profissionais no país e a tendência é que, pelo andar da carruagem, o desafio se agrave cada vez mais.

No livro “Obrigado pelo atraso”, Thomas Friedman, aponta que no ano de 2007 duas curvas importantes se cruzaram, quando a velocidade do avanço tecnológico superou seguindo uma trajetória exponencial, a curva da velocidade do aprendizado humano.

Segundo David Blake, cofundador e CEO da Degreed, a forma como as organizações lidarão com este contexto impactará diretamente na competitividade de seus negócios e, portanto, na sobrevivência de seus mercados. A boa notícia é que, ao mesmo tempo que os desafios aumentam, surgem novas alternativas para que as empresas sejam protagonistas e liderem a transformação gerando impactos positivos para seus colaboradores e para a sociedade.

Uma estratégia que já vem sendo utilizada com resultados positivos nos últimos anos é a gestão baseada em habilidades ou skills-based approach. Trata-se essencialmente de valorizar mais as habilidades do que os diplomas em todos os processos envolvendo pessoas.

Um exemplo concreto que ajuda a entender o conceito é a transição de carreira da atual VP de People, Performance e Delivery da Creditas, Karen Sandhof. Tendo uma trajetória profissional toda construída na área de tecnologia, ela foi indicada por colaboradores da Creditas que haviam trabalhado em ela em outra organização para uma posição que ela nunca havia ocupado antes.

A própria Karen, quando recebeu o convite, mostrou-se surpresa pelo fato de nunca ter ocupado o cargo de líder de RH antes. Caso fosse um processo seletivo convencional, provavelmente a falta de um título anterior ou certificados na área, teriam impedido a Creditas de encontrar nesta profissional as habilidades que vinham buscando.

Segundo artigo recentemente publicado pela McKinsey & Company, organizações que atuam inspiradas pela Skills-based Revolution, têm processos seletivos 3,5 vezes mais eficazes e até 5 vezes mais precisos em relação à performance das pessoas contratadas, que os os processos seletivos orientados por diplomas e formação acadêmica.

Mas esta abordagem não é só importante para os negócios, mas também para a sociedade, pois colabora diretamente para a redução do cenário de desigualdade de oportunidades. Um movimento criado nos EUA com foco neste tema é o Tear The Paper Ceiling, algo como Rasgue o Teto de Papel. O objetivo é mudar o cenário no país, o qual aproximadamente apenas um terço da população tem acesso ao ensino superior e 80% das vagas ainda apresentam o nível superior como requisito. Vale muito a pena assistir ao filme da campanha: https://www.youtube.com/watch?v=1ZXKnQK8u7A

Para corresponder aos desafios relacionados aos gaps de habilidades, as empresas precisarão ser protagonistas em iniciativas de larga escala de upskilling e reskilling.

A Prosper Tech Talents está comprometida com este movimento e preparada para apoiar empresas em seus processos de desenvolvimento de habilidades em tecnologia. Vamos juntos?

Escrito por: Luiz Eduardo Drouet, Founder da Prosper Tech Talents, startup de impacto focada em escalar o desenvolvimento de habilidades para o futuro do trabalho, Chairperson da Share People Hub, hub de soluções em recursos humanos e Presidente da ABRH-SP, principal comunidade de profissionais de RH do país.